Recentemente
um milionário estadunidense começou uma brincadeira de esconder
dinheiro por Los Angeles e São Francisco numa espécie de caça
ao tesouro. Tudo que se sabe dele é que tem entre 35 e 45 anos, que
sua fortuna vem do setor imobiliário e que ele dá dicas sobre os
lugares onde esconde o dindin através de uma conta no tweeter. Um
amigo meu estava me contando que muitas das pessoas que encontram a
grana, escrevem pra ele agradecendo e contando como usaram o
dinheiro. A maioria acaba gastando pelo menos parte dela ou com
outros participantes da caçada
ou em outras boas ações.
Esse acontecimento acabou virando um assunto recorrente tanto em meu círculo de amigos como em minhas turmas. Comecei a ouvir muita gente criticando e questionando esse tipo de brincadeira e outras formas de caridade. Muita gente acha realmente ridículo e considera duvidosa a motivação por trás desse tipo de atitude. Um aluno iniciou uma discussão, que rendeu pano pra manga, na qual ele debateu calorosamente as questões morais por trás do que leva pessoas, principalmente em países desenvolvidos, a promover eventos de caridade chiquérrimos para arrecadar doações para alguma instituição. Outros deram exemplos de pessoas que fazem trabalhos voluntários só pra se auto-promover e posar de bom moço. Meteram também o pau nas pessoas que ajudam alguma organização somente com o intuito de ter uma coisa social pra colocar no currículo e com isso se destacarem no processo de seleção de alguma universidade de prestígio ou vaga de emprego concorrida.
Eu
entendo as críticas. No mundo ideal, nossa motivação
para ajudar o próximo deveria ser a mais pura bondade de nossos
corações e o desejo genuíno
de ajudar alguém e não só se
aparecer ou o pensamento de que vantagens aquela experiência irá
nos trazer. Mas
isso seria em um mundo ideal, que todo
mundo sabe, o nosso está longe
demais de ser. Senti um certo
incômodo durante toda aquela discussão e acabei
por me fazer outro questionamento completamente
diferente: por que a gente se
apressa tanto em julgar a motivação dos outros?
Tudo
bem, doar dinheiro pra uma organização só
porque a gente sabe que vai poder abater do imposto de renda pode até
soar meio egoísta. Eu de fato
acho uma pena que nós chegamos a um nível de egoísmo tal que
ajudar alguém só entra em questão
se pudermos de alguma forma tirar proveito da situação,
mas ainda assim, eu
nunca ouvi dizer que uma intituição de caridade já tenha recusado
um cheque de alguém por
que soube que a intenção de quem estava doando era
meio mesquinha.
Muitas instituições dedicadas a ajudar lidam com falta de recusos e não com excesso de doações e ajuda de pessoas egoístas, só interessadas em tirar onda. Uma vez entrei em contato com uma organização que eu queria ajudar e sem eu ter perguntado qualquer coisa, eles foram bem rapidinhos em me informar todas as vantagens que eu poderia ter ao dar minha contribuição. Ou seja, uma espécie de "pouco me importa qual a sua intenção, me ajude por favor! Vai ser bom pra você também".
Muitas instituições dedicadas a ajudar lidam com falta de recusos e não com excesso de doações e ajuda de pessoas egoístas, só interessadas em tirar onda. Uma vez entrei em contato com uma organização que eu queria ajudar e sem eu ter perguntado qualquer coisa, eles foram bem rapidinhos em me informar todas as vantagens que eu poderia ter ao dar minha contribuição. Ou seja, uma espécie de "pouco me importa qual a sua intenção, me ajude por favor! Vai ser bom pra você também".
Nosso
mundo anda muito carente de boas ações. A
gente passa muito tempo fazendo e se ocupando
de inutilidades e enquanto isso as questões importantes do mundo
estão aí se multiplicando e passando da hora de receberem atenção
de verdade.
Muita gente usa e abusa da
capacidade de refletir e criticar. Nos habituamos a ficar procurando
o que há por trás de tudo como se os eventos da vida fossem uma
interminável fila indiana e nesse processo esquecemos de adicionar
um pouco de ação ao processo todo. Nossa
habilidade de pensar de forma crítica vira julgamento e já que
esses julgamentos que fazemos dos outros quase nunca vem acompanhados
de sugestões de como proceder melhor, o resultado é esse que temos
aqui: uma classe média e elite mundial altamente arrogante super
rápida ao julgar os outros, mas inerte,
inútil e pouco crítica em
relação a si mesma.
Talvéz
eu esteja sendo ingênua em acreditar que se
comprometer com a alguma causa ou com alguém que precise de ajuda
seja mais importante do que os motivos que levam
alguém a fazer isso. Eu
prefiro ser ingênua do que amarga. Mas
como sei que fazer
julgamentos faz parte do ser humano, aqui vai o meu: acho a maior
besteira essa mania de criticar tudo, e olha que eu adoro criticar
também. Criticar é bom
e todo mundo gosta, mas a gente
precisa aprender a determinar prioridades. Já
que não
dá pra se ter boa intenção e boa ação
ao mesmo tempo, permitam que pelo menos as boas ações continuem
sendo feitas. E ao invés de ficar parado, só criticando motivações
dos outros, que tal descer do pedestal, arregaçar as mangas e ajudar
também?
Que massa essa caça ao tesouro! Sugestão de filme sobre o assunto: A Corrente do Bem (Pay It Forward). Perfeito =)
ResponderExcluirImpossível não te julgar: você é incrível!
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