quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Tô voltando

Êta que já faz um tempão que eu não posto nada!!! Andei afastada do blog não por falta de assunto, mas por falta de tempo mesmo. Quero retomar o fio da meada aos pouquinhos. O principal motivo de meu sumiço foi minha viagem à Salvador. Como sempre, foi bom retornar, rever meus amigos, minha família, estar em Salvador, comer acarajé...

Quando se mora fora do Brasil é nomal sentir um certo estranhamento ao voltar. Claro que quando se está de férias tudo é festa e acaba que esse estranhamento n
ão é levado muito a sério por ninguém. Mas quando se volta de vez, quando as férias são mais longas ou quando já se está fora do país a um tempinho considerável, esse estranhamento é mais óbvio pra todos. E horroroso pra quem o sente na pele.


De repente, falar a sua própria língua parece meio forçado, você se incomoda com o povo colando atrás de você nas filas, fica se perguntando cadê os dois centavos que estão faltando no troco. Em casos extremos, seus amigos e família começam a te achar meio esquisita, dizem que você está falando português com sotaque estranho (ai, que que isso, né Sil?), se espantam de como você está pálida, te chamam de alemã...

O único problema é que você ainda não se sente alemã, mas já não se sente como brasileira de verdade há muito tempo. Morar fora de seu país tem esse efeito: você fica meio órfã de nacionalidade. É preciso então aprender a ser flexível, tentar esquecer os rótulos nacionais e os esteriótipos bons e ruins que vem com eles e tentar aproveitar o melhor de cada cultura.

Hoje em dia eu gosto de feijoada e de Kohl und Pinkel (1). Gosto do calor e das praias de Salvador e do Bürgerpark de Bremen. Pra umas coisas eu sou mais Salvador, pra outras sou mais Bremen. Acho que essa consciência tem faciliado meu transitar entre meus dois mundos e me possibilitou dizer "Mãinha, o fêjão tá ferveno" quando estava em Salvador e "Moin Moin"(2) para o funcionário do aeroporto ao chegar em Bremen.
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(1) Comida típica do norte da Alemanha, consiste em uma folha tipo a couve, cozida e bem temperada, pernil, e dois tipos diferentes de salsicha. Come-se com mostarda apimentada nos meses frios e é a coisa mais deliciosa do planeta depois de caruru.

(2) Moin Moin é também típico do norte da Alemanha, significa "Um bom dia pra você/o senhor(a)" no dialeto local, o "Plattdeutsch".

3 comentários:

  1. O bom de ter duas nacionalidades, é q vc n tem q escolher uma, c pode aproveitar as duas! Faz com q s perceba tb os giros q damos, as mudanças. Q bom tê-la de volta!bj

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  2. Que saudade de andar da Domsheide até Neustadt a qquer hora sem me preocupar com segurança; sentir os cílios gelados no inverno; sentar na cozinha, tomar café e bater papo com minha amiga até o marido dela chegar; atravessar o Bürgerpark de bicilceta pra chegar até a universidade, dizer Malzeit (é assim?) na hora do almoço.... saudade da minha segunda casa

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  3. oi, amiga

    concordo com você e com paola, criar uma espécie de equilíbrio entre as duas culturas é o melhor que se pode fazer.... a volta ao brasil e a vida fora têm suas dores e delícias....

    ah, e eu também gosto de caruru e de kohl und pinkel, sem dúvida a melhor coisa que comi na última viagem à europa (gracias, stella!!).

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