sábado, 5 de fevereiro de 2011

Privacidade

Essa semana me deu uma coisa e eu troquei a imagem de um de meus posts. O problema é que se tratava de uma foto minha, na qual eu estava vestindo um top tomara que caia e bati a foto de um ângulo que só dava pra ver meus ombros. O efeito final ficou parecendo que eu estava sem roupa. Apesar da foto ter saído super legal e de ter ficado perfeita pro post, resolvi tirar do blog depois de refletir um pouco sobre como as pessoas aqui encaram questões de privacidade e auto exposição na internet. Isso veio porque no mês passado li um artigo em uma revista daqui que falava dos perigos de se usar Facbeook, Twitter e Co. e de pessoalmente contribuir com os invasores de privacidade por se expor demais na internet. O artigo expressava bem o que é uma preocupação constante do alemão: o medo de que sua privacidade seja invadida e seus dados repassados à terceiros através desses sites que viraram parte de nossa vida diária. 

Em termos de exposição, eu me considero bem coluna do meio, ou seja: sei que estou longe de ser a pessoa mais reservada do planeta, afinal quem não quer aparecer de jeito nenhum não tem blog, não é mesmo? Por outro lado, não ando colocando meu nome completo em lugar nenhum, não tenho fotos comprometedoras e nem ando compartilhando minúncias de minha vida em nenhum site. No entanto, o pavor que alguns alemães sentem da exposição cibernética, tem me deixado meio paranóica. Fico me perguntando se de repente não estou cega sem saber o tamanho do risco que estou correndo ao me conectar.

Quando comparo meus amigos brasileiros com os alemães, minha confusão só aumenta. Os brasileiros fazem uso de absolutamente TODAS as tecnologias disponíveis no mundo sem o menor receio. Eu adoro, claro porque posso ver todas as fotos, saber de tudo que tá se passando e aprender. Sim, porque foram meus amigos brasileiros que me apresentaram ao Orkut e mais tarde ao Facebook. Se não fosse por um deles, estaria até hoje sem entender que cargas d'água era Twitter. Através deste mesmo amigo, conheci há pouco tempo o termo Formspring. Ainda não entendi direito pra que isso pode ser útil na vida de um ser humano, mas pelo menos me sinto menos ignorante por pelo menos já ter ouvido falar no nome da coisa. 

Meus amigos brasileiros pelo visto não estão nem aí. Eles tem blog, fotolog, Formspring, Twitter, Facebook, Orkut, Skype, Myspace, emails mil, fazem compras online, internet banking e tem um celular de cada operadora atuante no país. O que me leva a achar que se essa tecnologia toda fosse assim tão malígna, muita gente já teria se dado muito mal. No entanto parece que até agora a única incoveniência que essa exposição toda causa são alguns emails indesejáveis que vão parar na lixeira e acabou.

Meus amigos alemães, por outro lado, ficam chatedos de verdade se você coloca uma foto da galera toda comportada no Facebook, por exemplo. Já ouvi estórias escabrosas de amizades que terminaram porque uma pessoa colocou uma foto da outra no StudiVZ (uma espécie de Orkut daqui), ou porque escreveu no status do Facebook "o encontro com fulaninho ontem no café tal foi ótimo". Eu respeito muito a privacidade de cada um e por isso depois de já ter visto muita cena feia por aqui, resolvi que não vale à pena tirar minha câmera da bolsa pra fazer foto de ninguém aqui. Não tiro foto de alemão, não comento sobre eles em site nenhum e no Facebook, me limito a aceitá-los quando me convidam, mas nunca procuro nem escrevo pra ninguém e só respondo o que me perguntam. Essa paranóia tira um pouco a graça da coisa, mas não tenho energia pra ter discussões filosóficas sobre o valor da privacidade depois de cada visita ao Facebook, por isso deixa quieto.

As coisas ficam ainda mais confusas pra mim quando vejo que muitas vezes as mesmas pessoas que se chateiam quando descobrem que alguém divulgou no Facebook fotos na qual aparecem no cantinho, não pensam duas vezes em se registrarem em sites especializados em busca de relacionamento amoroso. Sites nos quais a pessoa, não só voluntaria informações pessoais, como também efetivamente acabam se encontrando com pessoas completamente desconhecidas. Isso faz sentido? Qual a diferença? Será que alguém pode me explicar.

Eu pessoalmente só encontro uma justificativa: Em um país onde a criminalidade não é assim tão grande que você tenha de viver com medo de ser alvo de sequestrador, essa preocupação exagerada com a privacidade só pode significar que essas pessoas estão andando por aí se comportando muito mal. Andam tão preocupadas com a privacidade porque tem muita coisa a esconder, desde bebedeiras descontroladas e constrangedoras a casos de infidelidade e traições escabrosas. Se além de ter tanto segredo a pessoa ainda der azar de sair sempre muito feia nas fotos, entendo completamente essa recusa de se expor. Só tenho essa explicão.Ou não estou conseguido exergar outras questões muito mais complexas? Quem me exclarece?

4 comentários:

  1. Cris, eu sou um pouco torta para tecnologia, n achei graça na explicação que tive sobre o twiter, n lembro q m cadastrei no orkut só pra ver as fotos dos amigos. agora, o facebook para mim é punk! Vc sabe td de todo mundo, sem nem perguntar...Fico perdida lá, lendo trechos de coisas que as pessoas psotam. Acho q brasileiro gosta mesmo de se expor e q alemão é paranóico. MAs ainda estou presa a tecnologia do telefone, onde o melhor jeito de saber do outro é o vendo ou o ouvindo, coisas que acho estão ficando um pouco de lado. No mais, concordo com as suas explicações do final. ALemão tem que fazer psi apra parar com a mania d perseguição que os assola! Pelo menos, a biela emocional os tira da paranóia :) rs bjs

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  2. Heheheheh
    o pior é que psi aqui também nao é muito bem vista, nao... mas isso é assunto pra mais um post...
    Beijo

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  3. Amiga, não sei se seus amigos é q são bizarros, se a Alemanha do Norte é outro país ou se vc ficou mais paranóica q todos os alemães q eu conheço!!! :-)
    Kkkkkkkkkkkk

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  4. Shi,
    Talvéz seja um pouquinho de cada coisa hahahahaha. Eu já percebi que meus amigos aqui são meio estranhos mesmo hehe. A gente acaba se contaminando, não é mesmo? Quanto ao norte e sul da Alemanha, diria que muitas vezes são como dois planetas diferentes...

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