sexta-feira, 29 de junho de 2012

Verdade nua

No iníco dessa semana, achei que ia pagar minha língua. É que terça-feira passada (dia 26.06), depois que meu post sobre meu desgosto pela TV brasileira já tinha sido publicado, ligo a televisão e dou de cara com um programa na Rede Record falando sobre tradições indígenas. Fiquei de queixo caído e pensei na mesma hora que iria ter de vir aqui me retratar e dizer que a televisão brasileira não era assim tão horrível. Mas como essa reportagem durou apenas 10 minutos, logo dando espaço a um festival de babaquices e matérias irrelevantes, vou falar de outra coisa. 

Nessa reportagem, eles falavam sobre as pinturas na pele, alguns rituais e festas de uma tribo, que não vou saber dizer qual era porque já peguei a reportagem à meio caminho andado. Uma coisa em especial me chamou a atenção: A genitália dos índios estava escondidinha atrás de uma faixa de imagem desfocada, enquanto os seios da índias e a bunda de todos estava bem exposta pra quem quisesse ver. Aí eu me pergunto: o que é que um pênis e uma vagina têm que os seios e as bundas não têm para que os primeiros precisem ser tratados com tanto respeito, serem escondidos, protegidos e disfaçados enquanto os segundos possam ter passagem livre onde quer que forem? Sério mesmo. Alguém pode me ajudar a desvendar esse mistério?

Na Alemanha eu entendia a nudez melhor. Para eles o corpo é uma coisa simples que todo mundo tem e por isso não há uma necessidade extrema nem de esconder nem de exibir. É simples demais e apesar de ainda não conseguir me sentir completamente à vontade para agir como uma alemã em relação a isso, sempre achei maravilhoso como as pessoas, não têm besteira de ficar se escondendo pra trocar de roupa na frente de ninguém, nem ficam querendo olhar as coisas dos outros. E se for preciso, eles abaixam as calças onde quer que seja. Pra eles isso é tão natural que sua fama os precede pela Europa afora. Uma vez fui a uma sauna na Turquia (onde as pessoas tem mais pudores com a nudez do que a gente) e por toda parte tinha avisos, inclusive em alemão pra não haver nenhuma desculpa, pedindo aos hóspedes para respeitarem as diferenças culturais e não circularem peladões pelo hotel. Beleza, os alemães entendem que nem todas as culturas e pessoas do mundo conseguem crescer e criar seus filhos pra terem a relação simples e sem mistérios com o corpo que eles têm e por isso na Turquia todo alemão que encontrei estava devidamente vestido. Já na Alemanha o caso é outro.

Em respeito a essas diferenças culturais, hoje em dia quase todas as academias e spas oferecem tanto saunas mistas quanto separadas para homem e mulher ou determinam dias diferentes para o uso de cada grupo. No meu caso, não tenho problema nenhum em ficar peladona na sauna das mulheres, mas ainda não me sinto completamente à vontade nas saunas mistas. Fico dividida entre querer ser moderninha e tirar onda de alemã, mas quem prestar atenção vai perceber minha socialização brasileira me fazendo tentar esconder determinadas partes enquanto outras ficam expostas. E na maioria das vezes, acabo fazendo um verdadeiro contorcionismo pra tentar esconder o que está na frente enquanto é a bunda que vai ficando exposta mesmo.  Aí eu volto à minha pergunta inicial: o que é que a pobre da bunda não tem pra gente tratá-la com tamanho descaso? Por que isso é tão complicado assim? Por que, meu deus? Por quê?

5 comentários:

  1. Pois é, eu acho q isso demonstra claramente como o sexo ainda é um tabu enorme na sociedade brasileira. É incrível... Com certeza eles cobrem a genitália pq ela é a própria representação do sexo. E sexo é uma coisa muuuuuuuuito perigosa!!! kkkkkkkkkkkk

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Com certeza amiga... Concordo com com cada palavra sua. O mais estranho é que esse tabu exista em uma sociedade que sexualiza quase tudo, né? Alias, estranho nao... isso faz total sentido. Valeu pelo comentário. Saudades:-)

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  4. Taí. Nunca tinha pensado por esse ponto! É o que rola nas escolas de samba, né? as mulheres com um tapa sexo na frente e com seios e a bunda pro lado de fora, pulando por aí.

    Agooooora, é válido ressaltar que, aqui, a nudez é vista de diferentes formas a depender da situação e da vontade. Outro dia estava acompanhando uma discussão sobre isso pela internet e na televisão. Usando novamente o exemplo do carnaval, lá, ficar "peladona" pode, é pela arte, pelo samba. Mas a marcha das vadias, na qual as mulheres colocaram os seis à mostra por protesto, é um ato despudorado e agressivo.
    Vai entender...

    Bjooooo, Cris!

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  5. Lali

    é... com certeza. complicadinha e confusa essa nossa sociedade, hein? valeu pela sua visitinha e comentário.

    Beijos

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